A luta da democracia
Paulista, 29 de agosto de 2016.
Milhares de manifestantes se organizam, na Praça do Ciclista, para gritar Fora Temer de uma vez por todas. Já não há razão para conter a violência, a emoção e a indignação diante do cenário político. Há o medo, a vergonha e a dor de saber que caminhamos para um abismo.
O ato se aproxima da FIESP. Há um cordão. Um bloqueio. Bombas são lançadas na direção dos manifestantes que, mesmo após sufocarem no gás lacrimogêneo, não deixam sufocar o grito da indignação: FORA TEMER!
E o "Fora Temer" é agora mais do que nunca. A polícia prossegue com a repressão. Bate, prende, insiste em sufocar com bombas. Mulheres se unem para levantar barricadas em frente ao MASP. A resistência está montada. O batalhão do choque chega para finalizar o que ainda resta de esperança. Mais bombas, jato d'água, gritaria, corre corre. O protesto finda no centro de São Paulo, próximo à Praça Roosevelt, mas é apenas uma batalha que se encerra.
"Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio, porque este não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte.
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas."
(Carlos Drummond de Andrade)
FOTOS: Mamanas com a colaboração de Vanessa Gomes e Val Coe.