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O sete de setembro de paradigmas quebrados



Esse 07 de setembro de 2016 criou expectativas em muita gente. Em especial para naqueles que estiveram presentes nos atos "Fora Temer" que aconteceram nas últimas semanas e foram violentamente reprimidos.

Depois de todos abusos cometidos por parte da PM no ato que rolou no Largo da Batata, domingo (04) e, também, após a sucessão de ilegalidades que ocorreram durante a prisão de 26 jovens no CCSP (Centro Cultural São Paulo) e em outros pontos da capital. Podemos dizer que o filme da PM ficou um pouco queimado.

Mesmo após diversas denuncias, o coronel, Dimitrios Fyskatoris, disse em uma coletiva de imprensa (05) “A polícia atua de acordo com a lei. Não reconheço nenhum excesso que tenha chegado ao meu conhecimento. A PM vai continuar seguindo os protocolos adotados no mundo inteiro”.Protocolos os quais são quebrados com as táticas de envelopamento, os tiros de bala de borracha disparados acima da linha das pernas, as bombas que são jogadas no meio de aglomerações de pessoas encurraladas etc.



O dia da Independência é sempre lembrado por manifestações anticapitalistas Brasil a fora, onde muitas vezes, ocorrem depredações de diversos símbolos do capital - tais como bancos, grandes lojas etc. A somatória disso tudo, trouxe a sensação de não saber o que esperar do ato "Fora Temer" que começou na Praça da Sé, subiu até a Avenida Paulista e terminou na Praça da República.


Desde o início da concentração, podia-se notar a pequena quantidade de policiais no entorno da praça. Em especial, se compararmos com os atos anteriores, onde tivemos um verdadeiro desfile militar. Logo que o ato começou a caminhar, policiais acompanhavam o ato ao fundo e, quando faziam cordões, mantinham distância.

Na linha de frente pode-se notar uma quantidade razoável de jovens que praticam táticas de 'black bloc' (de defesa e ação direta), alinhados, fazendo o cordão de proteção do ato.

Ainda que essa molecada careça (e muito!) de referências e estratégias, mostram ter perseverança naquilo que acreditam. Ontem mostraram, também, que há preconceito naqueles que os criminalizam. Alguns portavam escudos, feitos de portas (DIY) onde escreveram a palavra "GOLPE". Logo que o ato começou a andar, um homem alcoolizado começou a bater em uma porta de metal, de um comércio que se encontrava fechado. De pronto, alguns jovens - daqueles que são criminalizados e chamados de baderneiros pelos grandes veículos de comunicação - se destacaram do cordão e impediram que o cara desse motivo para a polícia intervir, ou que qualquer depredação acabasse sendo colocada na conta dos tais 'black blocs'.



Durante a caminhada, o contingente policial foi aumentando. Em especial ao descer a Rua da Consolação, onde em certos pontos, estavam estrategicamente posicionadas barreiras policiais.


Muitos esperavam tiro, porrada e bomba. E, contrariando todo o estereótipo de que os 'black blocs' são os grandes depredadores e incitadores da violenta repressão policial, o ato seguiu e terminou sem nenhum tipo de tensão ou quebra-quebra.


O que mais pode-se ouvir foram gritos de "Fora Temer" - ou algo que remetesse a queda do então presidente empossado indiretamente, Michel Temer. Também, ecoou em alto e bom som, pelas ruas centrais da capital paulistana, o grito "Não acabou, tem que acabar, eu quero o fim da Polícia Militar". Mas, de todos eles, o que fez jus e ilustrou a tarde de ontem foi:

"Que coincidência, não tem polícia, não tem violência".






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