Mães também lutam, por Larissa Amaral
No dia 8 de março, dia internacional de luta das mulheres, eu, mãe, fotógrafa e feminista, decidi acompanhar a preparação das mães do Ori Mirim para a marcha das mulheres, em São Paulo. Os pais cuidaram das crianças e as mães foram marchar. Um grupo muito bonito e que me faz ter esperança de que nossa sociedade ainda pode mudar.
Nessas famílias a responsabilidade da cria é de todos. E por isso as mães puderam se reunir com outras mulheres nas ruas. Acompanho manifestações e é muito raro escutar durante os atos alguma pauta sobre maternidade. Essa temática não parece muito importante para outras mulheres, até que, ops, sem querer elas se tornem mães também.
Mãe também luta, sabiam? E a nossa luta é diária. Dia da mulher não inclui mãe porque dia da mãe é só em maio. Quer dizer, dia da mãe para o capitalismo que só quer lucrar com isso. Mãe tem que cuidar da casa, ser responsável, não pode falar palavrão, não pode beber e muito menos transar! Abdica da vida pelos filhos, pelo marido, perde o seu emprego. Mãe santa, né?! Não! E as mães solo que cuidam das crias sozinhas? Peguem aqui um punhado de pedras e fiquem a vontade pra jogar na gente! Mãe negra e periférica? Sem chance nenhuma. Virou mãe? Toma aqui a sua capa da invisibilidade, porque é assim que a sociedade nos trata.
Precisamos falar sobre esse silenciamento que ocorre todos os dias, inclusive no 8 de março.
Nós existimos e estamos aqui. Vocês querendo ou não, nossos filhos também.
Mãe luta e mãe (re)existe.
Aceitem.